A alimentação da mulher que amamenta é fundamental para a qualidade e produção de leite
materno.
Quando o bebê nasce, ocorre uma alteração na rotina familiar que acaba afetando também a
rotina alimentar da mãe. Isso ocorre por causa da novidade que é ter um bebê em casa,
privação de sono e também por conta própria amamentação. Amamentar já é um trabalho
enorme e uma função que demanda muita energia da mãe. Sendo assim, é um período em que
ela precisa contar com a rede de apoio para conseguir ter uma alimentação saudável.
E esse assunto é uma preocupação comum entre as mães, por causa da tão desejada perda do
peso que ela ganhou durante a gestação, para melhorar qualidade do leite materno, para
evitar cólicas e gases nos bebês, além das dúvidas do que é ou não permitido comer nesse
período.
Quanto ao peso, a boa notícia é que a amamentação representa um gasto calórico diário
médio que varia de 500 a 600Kcal. O gasto calórico vai depender do tipo de aleitamento, se é
exclusivo ou misto (leite materno +fórmula). Portanto, se a alimentação for adequada, ela irá
sim perder peso. Dietas restritivas não são recomendadas, pois fazer restrições alimentares
sem orientação pode comprometer o estado nutricional da mãe e a produção de leite.
Até o momento não existe nenhum alimento que comprovadamente aumente ou diminua
cólicas e gases, que podem simplesmente acontecer devido ao amadurecimento do intestino
do bebê. Cada caso deve ser avaliado individualmente. De qualquer forma, esses sintomas
devem ser observados pelo pediatra, principalmente para diagnóstico de casos de alergia.
Nesses casos, a alimentação da mãe precisa sofrer modificações.
A qualidade do leite materno normalmente se mantém independente da alimentação
materna. O que acontece quando a alimentação da mãe é pobre em nutrientes, é que para
manter a qualidade do leite o corpo retira vitaminas e principalmente minerais das reservas
maternas. Como exemplo podemos citar o cálcio, que é retirado do osso materno, por
reabsorção óssea, caso a mãe não consuma a quantidade recomendada diária. A conseqüência
a longo prazo pode ser o surgimento de osteopenia ou até osteoporose na mulher, que vai
acontecer anos mais tarde.
O leite materno é a única fonte de energia e micronutrientes para o bebê. Dentre as vitaminas
e minerais podemos destacar a vitamina B12, ômega 3, cálcio, vitamina D. Mitos como comer
canjica, tomar cerveja preta, mas então, o que a mulher deve comer nessa fase? Comida de
verdade! Ela deve evitar alimentos ultra processados cheios de sódio, açúcar e gordura,
conservantes, corantes, assim como refrigerantes e guloseimas. Além disso, é importante
incluir porções de frutas, verduras, legumes, leguminosas, carboidratos, proteínas, castanhas e
leites vegetais, azeite e gorduras boas em quantidade adequada e orientada pela sua
nutricionista.
Em sua composição, o leite materno é constituído por 87% de água. Portanto, a produção de
leite é diretamente afetada pela ingestão de água materna e uma dica é espalhar garrafas de
água pela casa. Existem chás e suplementos chamados de lactagogos que parecem aumentar a
quantidade de leite produzida. Não esquecendo que a produção de leite acontece mediante o
estímulo da sucção do bebê.
Cuidar da alimentação materna significa cuidar da saúde de duas pessoas: mãe e bebê.
Vanessa Monteiro
Nutricionista funcional materno infantil, mãe de duas. Formada há 22 anos pela UFRJ, com
especialização em nutrição clínica e materno infantil e formação em nutrição funcional,
modulação intestinal e seletividade alimentar. Trabalha com tentantes, gestantes, lactantes,
bebês, alergias alimentares, seletividade alimentar, crianças, adolescentes e adultos.
Atendimentos em Niterói e na Clínica Patrícia Davidson no Rio e em São Paulo.